Educação contínua por toda vida



"Você não pode ensinar nada a ninguém. Você pode apenas
ajudá-lo a descobri-lo dentro de si mesmo."Galileu Galilei

A formação de uma pessoa visa prepara-la para uma vida profissional nas áreas escolhidas por ela. Se, uma boa parte das profissões ou atividades ainda estão por surgir e se, segundo John Seely Brown, estamos em um mundo onde a meia vida média¹ de uma habilidade está sendo reduzida para 5 anos ou menos, como as pessoas deverão se preparar para esta realidade?

O que foi feito até agora em termos de educação não está errado mas o que teremos que fazer para o futuro terá que ser diferente. A formação das pessoas terá que ser repensada em termos de currículos, métodos e ambiente de aprendizagem. Deverá contemplar uma  formação desde a infância e o auto desenvolvimento será uma constante para toda vida.

Começando pelas crianças, como montar currículos que sejam dinâmicos para dar vazão às necessidade do futuro?

Antes de falar em currículos, gostaria de destacar uma sugestão de Tony Wagner do laboratório de Inovação de Harvard quando questionado sobre como preparar as crianças para o futuro. Ele destacou que a maior preocupação deveria ser como desenvolver capacidades nas crianças que dessem a elas uma autonomia e resiliência para uma vida de estudos muito variada e constante. As capacidades seriam:
  • pensamento crítico: estimular o questionamento e o que fazer em resposta a uma observação;
  • colaboração: fazer as coisas com outras pessoas; 
  • comunicação: saber se expressar bem de forma oral e escrita;
  • criatividade: pensar em soluções diferentes e originais para os problemas; 
  • empatia: sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação  vivenciada por ela, amor e interesse pelo próximo e à capacidade de ajuda,
  • visão moral da vida: saber o que é certo e errado.
Se você pesquisar mais educadores a respeito de como preparar crianças para o futuro,  verá que estas capacidades são em sua maioria comuns. Há variações de opiniões mas na essência as capacidades descritas são um denominador comum. De alguma forma é importante às escolas mostrarem aos pais estas ou outras capacidades e que a estratégia curricular delas está em conformidade com a preparação dinâmica das crianças para o futuro. 

Currículos


Voltando agora aos currículos devemos ter em mente que o nosso caminhar para o futuro não será feito por saltos descontínuos. Podemos muito bem começar pelos currículos atuais e ir adaptando-os. Temos longas listas de temas curriculares em vigor e ideias de integração dos mesmos segundo as inteligências múltiplas. Muitos são os subprodutos curriculares que surgirão de discussões a este respeito e os mesmos poderiam ser estabelecidos em conformidade para garantir que as crianças adquirissem as capacidades para uma aprendizagem continua para toda a vida. Já podemos antever que será uma descoberta a cada ano.


Métodos e ambientes de aprendizagem


Com relação a métodos e ambientes de aprendizagem, temos muitas ideias e filosofias consolidadas, tais como: tradicional, construtivista, sócio interacionista, antroposófica, montessoriana, freireana, logosófica, etc. Algumas  escolas seguem a risca a filosofia adotada bem como, muitas outras, fazem customizações e até combinações de diferentes filosofias. O objetivo é oferecer uma educação diferenciada e que atenda às demandas dos pais, pois as crianças ainda não tem a capacidade de decidir por si.

Além destas filosofias consolidadas, temos práticas que estão sendo adotadas e se constituindo em opções educacionais, tais como:
  • Ensino personalizado: o intuito é fornecer aos alunos a oportunidade de aprender a partir de um modelo que atenda aos estilos e ritmos individuais, diante das metas e objetivos de aprendizagem elencados pelo professor. Para que a personalização ocorra, as tecnologias digitais são essenciais, pois são elas que possibilitam a disposição dos conteúdos. Assim, os alunos tiram suas dúvidas com os professores e avançam com base nas próprias necessidades.
  • Ensino híbrido: integra o método tradicional (presencial, em sala de aula e com a interação do professor) com o aprendizado online, que utiliza as tecnologias digitais para possibilitar o acesso ao conhecimento com o controle do tempo e ritmo por parte do estudante.
  • Aprendizagem por experimentação,  também chamada de educação “mão na massa” ou maker: envolve pesquisa, invenções, criação de protótipos, práticas laboratoriais, que colocam os alunos para idealizar e realizar com suas próprias mãos.
  • Aprendizagem por projetos: solução de problemas do mundo real onde os estudantes em parceria com os professores são desafiados a aplicar ou buscar conhecimentos para resolve-los. Com os recursos tecnológicos adequados, as soluções encontradas poderão ser simuladas para saber o grau de acerto e necessidades de aperfeiçoamento. 
  • Aprendizagem através de jogos ou gamificação: representa um conjunto de atividades organizados com base na mecânica dos jogos, com intuito de engajar pessoas para resolverem problemas e melhorar o aprendizado, etc.
Ainda dentro do campo de métodos e ambientes de aprendizagem, teremos a  presença crescente da inteligência artificial, robótica, realidade virtual e aumentada, holografia, impressão 3D e outras tecnologias que irão dar suporte à aprendizagem.

Temos ainda que destacar outros personagens envolvidos no processo de aprendizagem e que devem assumir a importância de seus papéis. Vamos então falar dos papéis dos pais, professores, governo, líderes do mundo dos negócios e especialistas da ciência e por fim do personagem mais importante que é o aluno.

Qual deverá ser o papel dos pais?

Bom, no futuro não vai existir uma grande diferença no que um aluno irá aprender na escola dos mais ricos ou nas escolas das classes mais pobres. Todas elas oferecerão ensino  voltados para o futuro. A grande preocupação dos pais deverá ser a de incentivar seus filhos a identificarem os seus verdadeiros interesses para que possam busca-los com paixão pois, a formação educacional ao longo da vida estará sob responsabilidade deles bem como, o sucesso de suas vidas profissionais.

Qual será o papel do professor?

Podemos dizer que será mais rico e motivante do que atualmente pois, em função da tecnologia, a informação a ser trabalhada vai estar disponível para todos e a qualquer hora. O professor deverá atuar no nível dos alunos e trabalhar com eles na sua formação e muitas vezes aprender juntos. Neste sentido, ele terá uma condição impar de conhecer melhor seus alunos devido a interação e proximidade do ombro a ombro podendo fazer recomendações que realmente tenham significado para a vida deles.

Qual deverá o papel do governo?

Os Governos, em várias parte do mundo são os principais provedores da educação. O mundo não vai parar à espera de suas definições. Terão que ser ágeis em se adaptarem, deixar discussões semânticas de lado e sinalizarem com políticas públicas modernas e também com programas de investimento.

No Brasil, já temos exemplos de muitas experiências inovadoras envolvendo alguns órgãos de educação em nível estadual, local, diretores, professores, alunos, pais e personagens da sociedade. Compete ao governo atuar junto com a iniciativa privada na troca de ideias e acelerar a inclusão de todos numa educação voltada para o futuro.

Quais deverão ser os papeis dos líderes de negócio e especialistas da ciência?

Os líderes de negócios sabem que a mão de obra qualificada, num primeiro momento, vem das escolas e os especialistas da ciência também sabem sobre o rumo que suas pesquisas estão tomando. Muitos empresários investem, sem objetivos de retorno financeiro, em instituições que fomentam o ensino gratuito e muitos especialistas da ciência colaboram na divulgação de suas pesquisas bem como muitos atuam como desenvolvedores de conteúdos educacionais. Este movimento poderia ser incrementado com a adesão de mais lideres e especialistas.

Como pudemos ver, há muito espaço para reflexões e o caminho certo será encontrado se as  pessoas responsáveis por fazer isto atuarem com colaboração e criatividade.

As respostas para formação de pessoas devem ser consistentes, acompanhar o ritmo da demanda dos negócios, atender as tendências das tecnologias, atender às condições de cada localidade e às necessidades do ecossistema do planeta.

Vamos falar por fim do papel do aluno e aqui coloco também o profissional  já com alguma formação pois, a recomendação é a mesma uma vez que para uma formação para o futuro ele terá que fazer um esforço semelhante.

Como se preparar para o futuro?

Serão muitas as opções mas, o ponto fundamental é encontrar áreas de interesse pessoal e depois buscar o conhecimento da forma mais prazerosa possível pois aprender será parte de toda vida.


Assista aos Vídeos:

Reinventar a educação para enfrentar o futuro |  Vodafone Future : 

Tony Wagner é um revolucionário. Mas para isso não precisa de levantar a voz, fazer comícios ou recitar slogans. A revolução apresentada por este professor reside na necessidade de mudar o modelo educacional atual para que os jovens possam enfrentar com garantias o futuro que os aguarda. Wagner argumenta que devemos repensar o papel da escola, já que o conhecimento está em todo o lado e acessível a todos, pelo que deixou de ser essencial ter uma pessoa para o transmitir. Assim, bons professores devem mudar o papel que desempenharam até agora para se tornarem a força motriz por trás do talento dos seus alunos.


Isaac Asimov - Uma visão do Futuro da Educação : 

Entrevista gravada em 1988, por Bill Moyers, no programa de TV World of Ideas, Isaac Asimov previu a internet e ensino adaptativo. Asimov antecipou, entre outras coisas, as redes sociais e aplicações como a Wikipedia, Yahoo, entre outros.




Technology in Education | A Future Classroom : 



Consulte e veja mais vídeos sobre Educação e outros temas na Página de Vídeos recomendados


Referências

As metodologias inovadoras para a educação superior | Thuinie Daros

Vislumbre de como a educação possivelmente se parecerá em 2050 - Glimpse at How Education Will Possibly Look Like in 2050 | nerdymates

O futuro da educação: nosso próprio futuro | Felipe Esrenko

Educação sob medida | porvir

The lifetime learner - A journey through the future of postsecondary education | John Seely Brown, john Hagel III, Roy Mathew, Maggie Wooll,wendy Tsu

A New Culture of Learning | John Seely Brown


Nota 1: O estudo indica que a “meia-vida” das habilidades diminuiu para apenas cinco anos. Isto significa que este é o período necessário para uma capacidade profissional estar desatualizada no mercado e ter metade do valor que tinha antes.


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