Introdução
Esta informação
do MIT nos dá uma mostra de como as coisas andam em compasso lento quando se
fala em energia e mesmo considerando o alto impacto que ela tem na emissão de
carbono e a urgente necessidade que temos em reduzir este impacto. Esta
lentidão é ocasionada por diversos fatores
e vou destacar dois - um econômico e outro político.
A recuperação
do capital investido no segmento de energia leva em torno de três décadas para
ocorrer, segundo a OECD - Organisation For Economic Co-Operation And Development.
Então, muito do passado ainda está em andamento e o retorno ainda está
realizado. Aliado a este ponto temos que considerar que o grande compromisso
com a redução de carbono foi feito em 2015 na reunião de Paris, onde as nações
se comprometeram a partir de 2020 a conter o aquecimento global abaixo de 2°C até
2030 e, como desafio, abaixo de 1,5°C em relação ao período pré industrial. Em
termos práticos somente após 2016 é que se iniciou o engajamento dos envolvidos nas emissões. Estamos ainda no início
do processo onde as nações e empresas estão buscando fontes de energia de forma
mais sustentável.
No aspecto
político os governos trabalham com muitos cenários diferentes tendo que
considerar os compromissos de desenvolvimento já assumidos e os compromissos de
sustentabilidade para o futuro. No mundo todo os governos interferem
diretamente na questão da energia, impulsionando ou freando conforme os
interesses. Dando um exemplo de grande impacto, foi a saída dos EUA do acordo
de Paris em meados de 2017, praticamente menos de 1,5 anos após a sua assinatura
com a justificativa de que seria prejudicial ao desenvolvimento das empresas
americanas. Muitos estados americanos foram contra esta decisão e aderiram por
conta própria aos direcionamentos do acordo de Paris. Este tipo de incerteza sempre
atrapalha os investidores que precisam considerar o valor elevado do
investimento com o retorno demorado.
Para atingir o
objetivo estabelecido em Paris, o mix de energia limpa precisará ser
incrementado bem como, teremos que melhorar a qualidade da energia fóssil - carvão,
petróleo e gás natural - pois, estas fontes serão responsáveis por 77% do
suprimento de energia em 2040, segundo a Administração de Informação de Energia
dos Estados Unidos (EIA). Se compararmos com a situação atual, teremos reduzido
4% da participação da energia fóssil, o que não será pouco, pois temos que
considerar o incremento de 20 anos de consumo.
É importante
destacar que em paralelo às mudanças na matriz energética, muitas outras
mudanças terão que ocorrer simultaneamente nas infraestruturas das plantas
industriais, das cidades, das moradias, dos meios de transportes, do
armazenamento e distribuição de energia, e muito mais, para alcançarmos o
objetivo de evoluir de forma sustentável.
Demanda por energia no planeta
Para entender a
demanda por energia precisamos conhecer como os países estão classificados.
Logo após a segunda guerra mundial surgiu na Europa um fórum de países para dar
resposta comuns e compartilhar boas práticas ao Plano Marshall dos EUA, elaborado
para ajudar na recuperação das nações afetadas pela guerra. Este fórum foi
conhecido como Organização para a Cooperação Econômica Europeia (OCEE) e
sem entrar em detalhes este fórum foi incorporando ao longo do tempo outros
integrantes de outros continentes e isto implicou no surgimento da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A maioria dos
membros da OCDE é formada por economias de alta renda, com um alto Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) e são considerados países desenvolvidos. O Brasil
não é integrante mas, é considerado parceiro.
Os reportes de
consumos de energia históricos e projetados dividem a informação em países OCDE
e não OCDE. É importante esta consideração porque os países OCDE já criaram a
sua base de infraestrutura geral então, o consumo de energia é incremental e
não de implantação. Um outro olhar que também podemos ter destes relatórios diz
respeito aonde o consumo e investimentos estarão presentes.
Conheça os 37
países que fazem parte da OCDE: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile,
Colômbia, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha,
Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Coreia do Sul,
Letônia, Lituânia, Luxemburgo, México, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega,
Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia,
Estados Unidos e Reino Unido.
Países
parceiros: Costa Rica; Rússia, Argentina, Brasil, Bulgária, Croácia, Peru e
Romênia.
Podemos notar
que a maioria dos países do mundo não fazem parte do bloco OCDE com destaque
para China, Índia e os tigres asiáticos: Cingapura, Hong Kong, Coréia do Sul,
Taiwan, Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã. Países ricos e
altamente tecnológicos.
Consumo global de energia para o futuro
O conceito de
energia engloba todas as fontes que geram algum tipo de transformação como por
exemplo calor, vapor, eletricidade, tração, etc., que é usada para alguma
finalidade.
Na figura a
seguir apresentada pela Energy, Information Administration (EIA) veremos o
consumo projetado até 2050 por setor - residencial, comercial, transportes e
Industrial - considerando os países OECD
e não OECD.
A grande demanda ocorrerá nos países não OECD, mais do que o dobro em relação aos da OECD, onde haverá crescimento, mas muito pouco em relação à base atual.
Na próxima figura veremos o consumo global considerando todos os países. A demanda por energia terá um incremento em torno de 50% com destaque para a Ásia.
Conforme falamos no início, o impacto na emissão de carbono com a utilização de energia é muito grande e um incremento de quase 50% em apenas 30 anos poderá ser devastador se não utilizarmos fontes sustentáveis para geração de energia e se não melhorarmos a eficiência energética das fontes fósseis.
Consumo por fontes geradoras de energia
No gráfico a
seguir, veremos as principais fontes que comporão a matriz energética até 2050.
A energia gerada por fontes renováveis quase que dobrará e será responsável por 28% da matriz energética. Um grande salto mas teremos que fazer um grande esforço para melhorar nas décadas posteriores.
A energia por
fontes renováveis geralmente se transforma em eletricidade, então vamos ver
qual a participação dela na matriz elétrica.
Como boa
notícia, vemos que quase a metade da eletricidade a ser gerada em 2050 será por
fontes renováveis. As fontes solares e eólicas serão, cada uma, maiores do que
a fonte hídrica que ainda será muito importante.
Como será a geração de energia renovável no mundo
Apresento 3
gráficos destacando a geração da energia renovável no mundo.
Energia solar
Energia eólica
Energia hídrica
Podemos observar que a China e Índia, que serão os motores do desenvolvimento asiático e do mundo, farão fortes investimentos para a utilização de energia renovável na sua matriz energética. O Brasil será um dos destaques mundiais na geração de energia hídrica.
Conclusão
O caminho está
correto mas, só mais para o futuro poderemos afirmar se a toada está na medida
suficiente. A questão climática se não bem conduzida trará transtornos de toda
natureza muito maiores do que vimos na COVID 19. Muito ajudará, a aceleração no
entendimento de que o desenvolvimento sem a via sustentável é uma grande
ameaça. Desafio para as nações líderes, grandes corporações e formadores de
opinião.
Referências
Futuro da
Energia | Massachusetts Institute of Technology (MIT) para World Economic Forum
Energy: The
Next Fifty Years | OECD - Organisation For Economic Co-Operation And
Development
Global Energy
Transformation | IRENA International Renewable Energy Agency
World Energy Model
Documentation 2020 Version | IEA - International Energy Agency
Imagem do
título | Unsplash







Muito esclarecedor, Pimenta. Parabéns.
ResponderExcluirExcelente! Precisamos nos atentar pra isso com muito carinho, disposição e sabedoria.
ResponderExcluirAchei muito interessante esta publicação de meu amigo Carlos Pimenta, sobre este tema super relevante para o nosso futuro.
ResponderExcluirEle conseguiu nos apresentar as informações complexas de uma forma sintetizada, que nos evidencia o quanto é importante que a Humanidade consiga se organizar e trabalhar efetivamente, para se evitar um colapso gigantesco, maior que a Pandemia que estamos vivenciando.
Mas aí vem aquela pergunta: Como eu individualmente posso contribuir para ajudar neste enorme desafio?
Temos que relembrar aquela parábola, em que um menino caminhava numa Praia pegando Estrelas do Mar e as arremessavam ao mar, num gesto de boa vontade ajudando-as a se salvar, uma vez que a maré as haviam trazido para a Areia quente. Alguém perguntou à ele por que ele fazia aquilo já que haviam centenas ao longo da praia. E ele respondeu, "faço a minha parte e estou colaborando!"
Grande explanacao, como fica a energia solar, especificamente a fotovoltaica, esta ja existe desde o lancamento do primeiro satelite no espaco.
ResponderExcluirGostei da sua opinião,mas se home não souber administrar as questões climáticas e o desenvolvimento sustentável teremos transtornos na natureza futuramente
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