O Consumo de Energia no Futuro

 


"O consumo e a produção de energia respondem por cerca de dois terços das emissões de gases do efeito estufa, e 81% 
do consumo global de energia ainda é baseado em combustíveis fósseis - o mesmo percentual de 30 anos atrás." 
Massachusetts Institute of Technology (MIT)

Introdução

Esta informação do MIT nos dá uma mostra de como as coisas andam em compasso lento quando se fala em energia e mesmo considerando o alto impacto que ela tem na emissão de carbono e a urgente necessidade que temos em reduzir este impacto. Esta lentidão é ocasionada por diversos fatores  e vou destacar dois - um econômico e outro político.

A recuperação do capital investido no segmento de energia leva em torno de três décadas para ocorrer, segundo a OECD - Organisation For Economic Co-Operation And Development. Então, muito do passado ainda está em andamento e o retorno ainda está realizado. Aliado a este ponto temos que considerar que o grande compromisso com a redução de carbono foi feito em 2015 na reunião de Paris, onde as nações se comprometeram a partir de 2020 a conter o aquecimento global abaixo de 2°C até 2030 e, como desafio, abaixo de 1,5°C em relação ao período pré industrial. Em termos práticos somente após 2016 é que se iniciou o engajamento dos  envolvidos nas emissões. Estamos ainda no início do processo onde as nações e empresas estão buscando fontes de energia de forma mais sustentável.

No aspecto político os governos trabalham com muitos cenários diferentes tendo que considerar os compromissos de desenvolvimento já assumidos e os compromissos de sustentabilidade para o futuro. No mundo todo os governos interferem diretamente na questão da energia, impulsionando ou freando conforme os interesses. Dando um exemplo de grande impacto, foi a saída dos EUA do acordo de Paris em meados de 2017, praticamente menos de 1,5 anos após a sua assinatura com a justificativa de que seria prejudicial ao desenvolvimento das empresas americanas. Muitos estados americanos foram contra esta decisão e aderiram por conta própria aos direcionamentos do acordo de Paris. Este tipo de incerteza sempre atrapalha os investidores que precisam considerar o valor elevado do investimento com o retorno demorado.

Para atingir o objetivo estabelecido em Paris, o mix de energia limpa precisará ser incrementado bem como, teremos que melhorar a qualidade da energia fóssil - carvão, petróleo e gás natural - pois, estas fontes serão responsáveis por 77% do suprimento de energia em 2040, segundo a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA). Se compararmos com a situação atual, teremos reduzido 4% da participação da energia fóssil, o que não será pouco, pois temos que considerar o incremento de 20 anos de consumo.

É importante destacar que em paralelo às mudanças na matriz energética, muitas outras mudanças terão que ocorrer simultaneamente nas infraestruturas das plantas industriais, das cidades, das moradias, dos meios de transportes, do armazenamento e distribuição de energia, e muito mais, para alcançarmos o objetivo de evoluir de forma sustentável. 

Demanda por energia no planeta

Para entender a demanda por energia precisamos conhecer como os países estão classificados. Logo após a segunda guerra mundial surgiu na Europa um fórum de países para dar resposta comuns e compartilhar boas práticas ao Plano Marshall dos EUA, elaborado para ajudar na recuperação das nações afetadas pela guerra. Este fórum foi conhecido como Organização para a Cooperação Econômica Europeia (OCEE) e sem entrar em detalhes este fórum foi incorporando ao longo do tempo outros integrantes de outros continentes e isto implicou no surgimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A maioria dos membros da OCDE é formada por economias de alta renda, com um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e são considerados países desenvolvidos. O Brasil não é integrante mas, é considerado parceiro.

Os reportes de consumos de energia históricos e projetados dividem a informação em países OCDE e não OCDE. É importante esta consideração porque os países OCDE já criaram a sua base de infraestrutura geral então, o consumo de energia é incremental e não de implantação. Um outro olhar que também podemos ter destes relatórios diz respeito aonde o consumo e investimentos estarão presentes.

Conheça os 37 países que fazem parte da OCDE: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Coreia do Sul, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, México, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Estados Unidos e Reino Unido.

Países parceiros: Costa Rica; Rússia, Argentina, Brasil, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia.

Podemos notar que a maioria dos países do mundo não fazem parte do bloco OCDE com destaque para China, Índia e os tigres asiáticos: Cingapura, Hong Kong, Coréia do Sul, Taiwan, Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã. Países ricos e altamente tecnológicos.  

Consumo global de energia para o futuro

O conceito de energia engloba todas as fontes que geram algum tipo de transformação como por exemplo calor, vapor, eletricidade, tração, etc., que é usada para alguma finalidade.

Na figura a seguir apresentada pela Energy, Information Administration (EIA) veremos o consumo projetado até 2050 por setor - residencial, comercial, transportes e Industrial - considerando os países OECD e não OECD.


A grande demanda ocorrerá nos países não OECD, mais do que o dobro em relação aos da OECD, onde haverá crescimento, mas muito pouco em relação à base atual.

Na próxima figura veremos o consumo global considerando todos os países. A demanda por energia terá um incremento em torno de 50% com destaque para a Ásia.


Conforme falamos no início, o impacto na emissão de carbono com a utilização de energia é muito grande e um incremento de quase 50% em apenas 30 anos poderá ser devastador se não utilizarmos fontes sustentáveis para geração de energia e se não melhorarmos a eficiência energética das fontes fósseis.

Consumo por fontes geradoras de energia

No gráfico a seguir, veremos as principais fontes que comporão a matriz energética até 2050.


A energia gerada por fontes renováveis quase que dobrará e será responsável por 28% da matriz energética. Um grande salto mas teremos que fazer um grande esforço para melhorar nas décadas posteriores.

A energia por fontes renováveis geralmente se transforma em eletricidade, então vamos ver qual a participação dela na matriz elétrica.

Como boa notícia, vemos que quase a metade da eletricidade a ser gerada em 2050 será por fontes renováveis. As fontes solares e eólicas serão, cada uma, maiores do que a fonte hídrica que ainda será muito importante.

Como será a geração de energia renovável no mundo

Apresento 3 gráficos destacando a geração da energia renovável no mundo.

Energia solar


Energia eólica


Energia hídrica


Podemos observar que a China e Índia, que serão os motores do desenvolvimento asiático e do mundo, farão fortes investimentos para a utilização de energia renovável na sua matriz energética. O Brasil será um dos destaques mundiais na geração de energia hídrica.

Conclusão

O caminho está correto mas, só mais para o futuro poderemos afirmar se a toada está na medida suficiente. A questão climática se não bem conduzida trará transtornos de toda natureza muito maiores do que vimos na COVID 19. Muito ajudará, a aceleração no entendimento de que o desenvolvimento sem a via sustentável é uma grande ameaça. Desafio para as nações líderes, grandes corporações e formadores de opinião.

Referências

Futuro da Energia | Massachusetts Institute of Technology (MIT) para World Economic Forum

Energy: The Next Fifty Years | OECD - Organisation For Economic Co-Operation And Development

Global Energy Transformation | IRENA International Renewable Energy Agency

World Energy Model Documentation 2020 Version | IEA - International Energy Agency

Imagem do título | Unsplash


5 Comentários

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  1. Excelente! Precisamos nos atentar pra isso com muito carinho, disposição e sabedoria.

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  2. Achei muito interessante esta publicação de meu amigo Carlos Pimenta, sobre este tema super relevante para o nosso futuro.
    Ele conseguiu nos apresentar as informações complexas de uma forma sintetizada, que nos evidencia o quanto é importante que a Humanidade consiga se organizar e trabalhar efetivamente, para se evitar um colapso gigantesco, maior que a Pandemia que estamos vivenciando.
    Mas aí vem aquela pergunta: Como eu individualmente posso contribuir para ajudar neste enorme desafio?
    Temos que relembrar aquela parábola, em que um menino caminhava numa Praia pegando Estrelas do Mar e as arremessavam ao mar, num gesto de boa vontade ajudando-as a se salvar, uma vez que a maré as haviam trazido para a Areia quente. Alguém perguntou à ele por que ele fazia aquilo já que haviam centenas ao longo da praia. E ele respondeu, "faço a minha parte e estou colaborando!"

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  3. Grande explanacao, como fica a energia solar, especificamente a fotovoltaica, esta ja existe desde o lancamento do primeiro satelite no espaco.

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  4. Gostei da sua opinião,mas se home não souber administrar as questões climáticas e o desenvolvimento sustentável teremos transtornos na natureza futuramente

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