“Um Planeta, uma Economia”
Introdução
O conceito de
economia é simples, mas muito abrangente. Na sua simplicidade está definido que
economia é a gestão dos recursos escassos. Por exemplo: os recursos do planeta
são finitos e se não bem administrados acabam. Abrangente pois a economia está presente
em todos os sistemas de produção, comercialização, distribuição e consumo de
bens e serviços. Envolve transações de indivíduos, empresas, organizações e
governos. Estas transações contemplam um sistema de compensação para a troca.
Para considerar toda a nossa evolução, vou citar as trocas baseadas em produto
a produto, bens materiais, moedas, ativos financeiros diversos até às
criptomoedas. Ao considerar todos os tipos de produtos, serviços e as nuances
dos processos de troca fez da economia uma grande ciência, requerendo para o
seu contexto uma gama de conhecimentos fantástica.
A dinâmica
econômica desde os tempos primórdios requereu muitos dos recursos finitos do
planeta, colocando em risco a continuidade de viver bem para as gerações
futuras. Assim a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu um grande encontro,
Eco-92, ou Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro para debater ações para um
planeta sustentável. Repetiu a dose em 2000 quando lançou os 8 objetivos do
milênio e diante de expressivos bons resultados, estabeleceu em 2015, os 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a serem alcançados até 2030, para guiar a
humanidade no consumo sustentável, mudança climática, desigualdade econômica,
diversidade etc. Um mundo melhor para todos.
Na baila deste
grande movimento começou-se a falar, e com aderência na prática de países e
empresas, da economia verde que “tornou-se a abreviatura de um futuro social,
ambiental e económico sustentável “- KPMG. A questão ambiental ficou com mais foco
nas questões terrestres como baixa emissão de carbono, controle climático,
combate ao desmatamento etc.
Na sequência,
começou-se a falar da economia circular “que associa desenvolvimento econômico
a um melhor uso de recursos naturais, por meio de novos modelos de negócios e
da otimização nos processos de fabricação com menor dependência de
matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e
renováveis.” Portal da Indústria.
Um dos aspectos
mais importantes para a nossa existência, até agora e futura, estava fora dos
holofotes ainda que com iniciativas isoladas. Falo dos cuidados com os recursos
oceânicos. Apesar do nosso planeta chamar-se Terra os oceanos ocupam 70% da sua
superfície. Os oceanos representam 98% da água existente no planeta. Não dá
para deixar em segundo plano. E por isso, surgiu a economia azul.
Impulsionando a sustentabilidade
A mudança está
sendo feita por governos, empresas, instituições diversas, consultorias sobre o
futuro e pelo mercado financeiro. A pandemia do Covid-19 mostrou que problemas
globais impactam em todos os setores. A alteração climática poderá se tornar
uma realidade se não houver ações que a evite. Então observa-se um esforço
global para evitá-la. Citando um exemplo: os fundos financeiros que têm
responsabilidade fiduciária de garantir um bom retorno aos seus investidores,
diante de bons retornos de empresas que que colaram a sustentabilidade na
prática, estão sugerindo algumas mudanças nas suas carteiras. São mudanças de
compasso lento, mas estão acontecendo.
Economia verde em números
“A análise da
BlackRock – a maior empresa de gestão de ativos do mundo – descobriu que
durante o auge da pandemia do COVID-19 em 2020, mais de oito em cada 10 fundos
de investimentos sustentáveis tiveram um desempenho melhor do que as carteiras
de ações não baseadas em critérios ESG.” WEF – World Economic Forum
“Dez anos
atrás, 20% das empresas S&P - Standard
& Poor's - divulgavam dados ESG. Hoje, esse número é superior a
85%,” segundo a BlackRock.
Hoje os ativos
em ESG giram em torno de US$37,8 trilhões e poderão chegar a US$53 trilhões em
2025, ou seja, mais do que um terço dos US%140,5 trilhões projetados sob
gestão, segundo a Bloomberg.
A
BCG – Boston Consulting Group - estima que em 2050 os investimentos verdes
globais estarão entre US$ 100 trilhões a US$ 150 trilhões.
|
Região |
2017 |
2020 |
|
Américas |
83 |
90 |
|
Europa |
77 |
77 |
|
Oriente Médio e África |
52 |
59 |
|
Asia Pacífico |
78 |
84 |
O
índice do Brasil é 85%, o mesmo de 2017.
A tarefa é
árdua e lenta nas empresas de médio a alto risco para a biodiversidade. Apenas
em torno de 25% delas reportam. Vejam os setores que precisam melhorar muito.
Setores
de alto risco: construção e materiais de construção, eletricidade, varejistas
de alimentos e medicamentos, produtores e processadores de alimentos,
silvicultura e papel, lazer e hotéis, mineração, petróleo e gás, serviços
públicos.
Setores
de risco médio: Bebidas, Químicos, Serviços Financeiros, Varejistas em Geral,
Artigos para Casa e Têxteis, Cuidados Pessoais, Farmacêutica e Biotecnologia,
Serviços de Apoio, Tabaco, Transporte.
Economia Circular – oportunidades
Informações obtidas
no World Resources Institute
1) Fazer melhor
uso de recursos finitos.
A produção
têxtil (incluindo o cultivo de algodão) usa quase 100 bilhões de metros cúbicos
de água por ano, aproximadamente 4% da retirada global de água doce. Ao
mesmo tempo, as pessoas jogam fora roupas ainda usáveis no valor estimado de
US$ 460 bilhões a cada ano.
A compra de 100
roupas usadas pode substituir a produção de 85 novas roupas.
2) Reduzir as
emissões.
Estratégias de
economia circular podem reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa
em 39% (22,8 bilhões de toneladas).
Uma economia
circular para reduzir perdas e desperdícios de alimentos, é particularmente
crucial para reduzir as emissões: se a perda e o desperdício de alimentos
fossem um país, seria o terceiro maior emissor depois dos Estados Unidos e
da China.
3) Proteger a
saúde humana e a biodiversidade.
Todos os anos,
mais de 9 milhões de mortes ocorrem devido à poluição do ar, da água e do
solo. Essa poluição também ameaça a biodiversidade.
4) Impulsionar
as economias.
A economia
circular oferece uma oportunidade de US$ 4,5trilhões ao reduzir o
desperdício, estimular a inovação e criar empregos.
5) Criar mais e
melhores empregos.
Uma economia
circular pode criar um aumento líquido de 6 milhões de empregos até 2030.
Economia azul em números
Dados da FAO Food
and Agricultural Organization
Cerca
de 60 milhões de pessoas em todo o mundo estão empregadas nos
setores de pesca e aquicultura – mais de 96% delas em países em desenvolvimento
na Ásia e África.
O
peixe representa cerca de 15,7% do consumo global de proteína
animal.
Dados retirados
da publicação You Can´t Go Green Without Blue
Os oceanos produzem de 50 a 80% do
oxigênio.
Capturam de 30 a 70% do CO2, produzido
pela atividade humana.
Absorvem 90% do excesso de calor.
80%
do comércio internacional de mercadorias são transportados por mar.
US$
24trilhões é valor estimado de ativos 'azuis'.
3
bilhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha e costeira para a sua
subsistência.
Conclusão
Olhando para o
futuro, o que poderíamos desejar para a nossa economia?
Poderia ser:
“Um só Planeta, uma só Economia”
Esta
expressão é inspiradora e a vi numa publicação da KPMG chamada: You Can´t Go
Green Without Blue.
Acho que este é
o propósito maior.
Observa-se um
olhar de todos para as questões de sustentabilidade, mas o compasso é muito
diferente. Isso não é uma surpresa pois as condições, interesses financeiros,
cultura, luta por posição geopolítica, direcionamentos dos líderes de governo
etc., são diferentes.
Ainda que seja assim,
vamos cuidar da terra e da água, seus ecossistemas e também reciclar.
Vídeo
Nova Economia – a humanidade será verde e azul | Carlos Pimenta https://youtu.be/aW-O9Kxj3_0
Consulte e veja mais vídeos sobre outros temas na Página Vídeos recomendados.
Referências
You Can´t Go Green
Without Blue | KPMG
Economia
circular: entenda o que é, suas características e benefícios | Portal da
Indústria
What is
sustainable finance and how is it changing the world | WEF
ESG assets
could reach $53 trillion by 2025, a third of global AUM | Bloomberg
5 Oportunidades
de uma Economia Circular | David McGinty - World Resources Institute

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